neste privilégio de trabalhar com a intimidade como paixão declarada, enquanto estou operativamente criando imagens ou desenhando contextos, estou simultaneamente em reflexão sobre o que esta relação artista-objecto me desperta, me inspira ou cataliza.
é quase como estar a trabalhar em distintos planos ao mesmo tempo, como estabelecendo uma conversa comigo mesma sobre as emoções e ideias que me apanham pelo caminho.
no passado fim de semana fotografei pela primeira vez um casamento entre dois homens.
foi para mim uma honra ter sido convidada para esta tarefa de captar a magia de nos autorizarmos a celebrar quem somos, questionando os condicionamentos que fomos aceitando.
foi uma cerimónia muito bonita e emotiva, que me desafiou mais uma vez a rever como me autorizo eu a expressar quem sou ou o que sinto.
deixo-vos a minha certeza - não há condicionamento externo mais forte dos que eu mesma me imponho.
sinto que vivo e amo cada relação que tenho de uma maneira única, que inclui mais ou menos campos de expressão, mais ou menos contacto.
tenho vindo a questionar o que determina a amplitude destes campos que ora se tocam, se abraçam, se acenam, se envolvem... e segue sendo uma aventura maravilhosa descobrir que, se num determinado momento e contexto escolho alargar e autorizar mais expressões, dá-se um efeito exponencial e com impacto em todas as relações - como se fosse recordando novos dialectos, que passam a estar disponíveis quando o momento ou a vontade assim determinam.
queridos noivos, bem hajam por me permitirem vivenciar este dia convosco, varrer mais uns cantos da minha casa interna de emoções e aspirações.
celebro aqui também as relações que a vida me oferece, seja na dinâmica de aceitar desafios e desentendimentos ou no deleite de encontrar comunhão, visão e expansão.