... quanto tempo o tempo tem. o tempo responde ao tempo que o tempo tem o tempo que o tempo tem. perfaz-se mais um ciclo de tempo de uma despedida sentida. um ciclo que me parece tão grande e afinal, contas feitas, são apenas os anos que se podem contar com os dedos de uma mão. as memórias visuais podiam ser muitas mais, não ocuparia espaço desapropriado a possibilidade de agora aceder a retratadas lembranças de tamanha comunhão. apanho-me em reconhecimento do potencial de me sentir mais rica por ter valorizado - em tempo devido - a oportunidade de registar em imagens descobertas imensuráveis. não creio que por isso que se faça menos presente, e em gratidão celebro o tanto que em mim ficou. mommy esta fotografia rabiscada num telemóvel, parecendo um desajeitado disparo aleatório, pela sua singularidade ganha uma proporção totalmente inesperada. afinal, será a proeza do balanço de cores, da proporção do espaço negativo/positivo, a fidelidade do número de píxeis e demais especificidades técnicas que farão uma fotografia ter valor? ou será o momento que ela capta, a mensagem que ela inspira, as memórias que ela acorda? o caos do quotidiano é real_mente desafiante; a arte de construirmos sobre o que temos, de eleger o nosso único e singular ponto de vista, simplesmente retratando ou acrescentando significado pela chamada ao potencial que lhe atribuímos: cada um de nós com a sua incorporada lente. qualquer aparelho é apenas uma extensão dos instrumentos que já carregamos. e continuando a expressar o que em mim sinto saber, diria ainda que o valor é apenas aquele que soubermos/quisermos atribuir: ao tempo, aos momentos, às memórias, às coisas, às pessoas, ao que temos e/ou não temos. que as ausências nos recordem que estamos presentes: aqui e agora. que nos despertem, relembrando-nos a ser-fazer agora o que sentimos sublinhar o nosso máximo potencial - a beleza que carregamos - commemorando esse milagre: o potencial de a cada momento nos renovarmos. .