por magia, pelo mistério das com~incidências, porque ainda há quem acredite em milagres, e porque assim se quis que assim fosse... há umas semanas atrás, ainda em dias frios e com especial companhia, descobri este local: zugarramurdi. . localizado no país basco, entre gloriosas montanhas, desta localidade conta a história que foi um dos principais locais de actividade 'brujeril'. o que a torna mais conhecida e visitadas são as magníficas covas Sorginen Leizea (nome basco que significa cova das bruxas), escavadas pelo fluxo da água ainda corrente - a regata do inferno, e onde a cavidade maior conta com aproximadamente 120 metros de comprimentos e 12 de altura. a cavidade maior é também chamada de palco do inferno e foi rica de inúmeros rituais, celebrações e práticas de medicina natural pagã, profundamente enraizados na cultura local. esta zona foi também berço dos rituais chamados de aquelares ou sabbats, onde as bruxas se juntavam e celebravam as suas capacidades de viajar entre mundos, os polémicos pactos com o diabo. com a invasão do domínio eclesiástico, este local foi marcado por massacres que visavam controlar o poder e exterminar o paganismo, criando uma onda de pânico por uma inquisição que necessitava de impor a sua autoridade. zugarramurdi é epicentro desta informação, com um museu dedicado a contar a história das suas gentes e das provações por que passaram. são celebradas todos os anos festividades em louvor à história e valor que recuperaram, sem o folclore associado a uma fantasia de bruxas. louvando a sabedoria de uma cultura e práticas ancestrais, que ainda pulsam as suas verdades. (zugarramurdi é alvo de destaque no documentário bloody tales of europe, da national geographic.) para além da história, é um local de uma beleza e energia incríveis. seja qual for a versão da história que escolhamos apadrinhar, a dos oprimidos ou opressores, haverá a sabedoria da natureza, do local, das células de vida que em todos pulsa (onde homem e natureza somos um) que transpirará a verdade que nos faz sentido trazer à nossa vida. para mim, para além do deslumbre da visita, esta passagem trouxe-me fagulhas para a celebração do nosso potencial, inerente a cada expressão de vida, da nossa capacidade de conexão, do potencial da celebração em irmandade. mais do que uma cova, este espaço apresentou-se-me como uma passagem, um caminho que podemos sempre percorrer marcado pela escolha da margem que queremos habitar, o caminho do abraçar a sombra e a luz, dor e prazer. talvez para a próxima me dedique menos a estes sentires e mais a fotografar... bem hajas Amala por me fazeres levar a máquina na mágica caminhada que nos levou até lá! o país basco não pára de me surpreender... .